Oswaldino Marques foi um marco na cultura brasileira do século XX. Poeta com lugar definido na chamada Geração de 45, ilustrou de maneira brilhante a cadeira de Teoria Literária, tanto na Universidade de Brasília quanto na University of Wisconsin nos Estados Unidos, onde esteve por período de 5 anos. Mas a sua maior contribuição – realmente excepcional – ocorreu no campo do ensaio e da crítica literária. Essa parte da sua obra necessita ainda de ser melhor avaliada e essa é uma justiça que as novas gerações por certo lhe hão de fazer. Tendo assumido sempre posição decididamente inovadora e contestadora, ele deixou atrás de si um fosso que o separava de todos aqueles que se recusavam a abandonar os métodos tradicionais de abordagem do produto estético.

Se Afrânio Coutinho abriu o debate sobre o New Criticism no Brasil, chamando a atenção para a necessidade da obra de arte ser examinada pelos seus valores intrínsecos foi Oswaldino Marques que inaugurou na prática o novo método, ao desbravar textos fundamentais da nossa literatura, como a obra de João Guimarães Rosa e Cassiano Ricardo. Dialeta por formação, ele não ficaria escravo do ascetismo da corrente anglosaxônica, tendente a considerar a obra apenas enquanto fenômeno estético, e procurou enxerga-la de forma complexa, ampliando ao máximo a perspectiva da análise no desejo de esgotar todas as suas possibilidades significativas e poder revinculá-la ao processo geral da cultura.

Rui Mourão
Amigo, escritor e Diretor do Museu da
Inconfidência, em Minas Gerai
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