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MARQUES, Oswaldino (O. Ribeiro M. São
Luís, MA, 17 out. 1916-2003), poeta, ensaísta, crítico,
teatrólogo, tradutor, professor universitário. Estudou
na terra natal e seu primeiro artigo para a imprensa foi sobre uma
vida de Cristo. Cedo se consagrou à Literatura a se inclui
entre os fundadores do Cenáculo Graça Aranha, que
foi, em São Luís, um foco de convergência das
idéias modernistas de 1922. Transfere-se, em 1936, para o
Rio de Janeiro. Ingressa na Faculdade Nacional de Direito e passa
a residir na Casa do Estudante do Brasil. Figura entre os fundadores
da União Nacional dos Estudantes (U.N.E.). Conclui os cursos
do inglês da Cultura Inglesa e de Biblioteconomia da Biblioteca
Nacional, onde, em seguida, .exerce as funções de
professor e de bibliotecário. Foi, por muitos anos, professor
de inglês dos Cursos de Administração do DASP
e de literatura dramática inglesa do Conservatório
Nacional de Teatro do antigo S.N.T. Em todo esse período
desenvolveu intensa atividade política nas fileiras da esquerda.
Em 1965, atendendo a convite do saudoso crítico Hélcio
Martins, bem como do romancista Cyro dos Anjos, foi para a Universidade
de Brasília, onde criou a cadeira de Teoria da Literatura,
tendo como assistente a João Alexandre Barbosa. Desfrutou,
na oportunidade, do convívio, inter alios, dos professores..
Mário de Souto Lisa, Cyro dos Anjos, Rui Mourão, Arion
Dall’Igna Rodrigues. Mariana Alvim, Hélcio Martins,
Nelson Rossi. Um ano depois, juntamente com trezentos e cinqüenta
mestres, se demitiu do quadro docente da Universidade de Brasília
em solidariedade e quatro colegas brutalmente seviciados e mantidos,
ser culpa formada, em regime de incomunicabilidade pelos esbirros
da ditadura. Ocupou o cargo de chefe da Representação
do Instituto Nacional do Livro e, logo após. aquiesceu a
convite da Universidade de Wisconsin, Madison, E.U.A., em cujo Departamento
de Espanhol e Português atuou primeiro como visiting lecturer
e, depois. como professor catedrático com vitaliciedade,
(full professor with tenure), em substituição
a Jorge de Sena. Aí regeu seminários de pós-graduação
sobre Machado do Assis, Cassiano Ricardo, João Alphonsus,
Cecília Meireles, Guimarães Rosa, sobre o simbolismo
português, a poesia lírica de Camões, Gil Vicente,
Eça de Queirós e outros tópicos. Orientou,
então, numerosas teses de mestrado e de doutoramento.
Foi com Poemas
Quase Dissolutos que, em 1946, se estreou em livro,
publicado simultaneamente com Cantos
de Walt Whitman, primeira tradução brasileira
do “bom poeta grisalho’. A bem da verdade, ingressou
no mundo das letras pelas mãos de Cecília Meireles
que, em 1943, com a reprodução de uma dezena de poemas
inéditos seus, lhe dedicou a página do autor novo,
por ela criada no Suplemento Literário do A Manhã.
Ainda nesse domínio criador, devem-se-lhe mais cinco títulos,
além de considerável número de poemas esparsos
em revistas e jornais. Textos seus se encontrem em várias
antologias daqui e do exterior.
Seu adestramento no campo da expressão pessoal foi logrado
no corpo-a-corpo com alguns dos maiores poetas de língua
inglesa, tendo transposto para o vernáculo páginas
de Shakespeare, Donne, Wordsworth, Coleridge, Shelley, Keats, Yeats,
Synge, Emerson, Poe, Sandburg, Lindsay, Hart Crane, Langston, Hughes.
Realizou a primeira tradução para o português
de As
Núpcias do Céu e do Inferno, de Willian
Blake, e de Quatro
Quartetos, de T.S.Eliot.
A sua atividade literária lhe tem atraído vários
prêmios e láureas, salientando-se os seguintes:
- Menção honrosa no Prêmio Fábio
Prado de 1950, por sua peça de teatro Ciméria;
- Prêmio Euclides da Cunha, para ensaio,
conferido em 1956 pelo Instituto Nacional do Livro, por seu estudo
Canto e Plumagem das Palavras, sobre a linguagem
e o estilo de Guimarães Rosa;
- Prêmio Carlos de Laet, de crítica
literária, concedido em 1960 pela Secretaria de Cultura
do antigo Estado da Guanabara, pelo texto, então inédito,
de O
Laboratório Poético de Cassiano Ricardo;
- Prêmio Nacional de Crítica Literária,
que, em 1969, lhe outorgou a Fundação Cultural de
Brasília, por ocasião do IV Encontro Nacional do
Escritores, por motivo da publicação de seus Ensaios
Escolhidos.
Desvinculado de qualquer grupo ou corrente, foi o primeiro entre
nós a preocupar-se coma Semiótica, a divulgar conceitos
do Positivismo Lógico e a aplicar procedimentos analíticos
do New Criticism anglo-americano. Leodegário A.
de Azevedo Filho, na Introdução ao Estudo
da Nova Crítica no Brasil, coloca-o entre os primeiros
dessa área, no que é acompanhado por juízos
de Afrânio Coutinho, Eduardo Portela, Cavalcanti Proença
e outros. É de sua lavra o primeira análise da linguagem
e do estilo de Guimarães Rosa em português. (“Canto
e Plumagem das Palavras”, que integra Seta e o Alvo, edição
de 1957). Seu O
Laboratório Poético de Cassiano Ricardo,
a cuja elaboração dedicou cinco anos, foi, ao ensejo
de lançamento (1962), saudado como um clássico.
Oswaldino Marques foi chefe do Departamento de Teoria Literária
da Universidade de Brasília a, durante cinco anos, foi o
catedrático das Literaturas Brasileira e Portuguesa da Universidade
de Wisconsin, Madison, E.U.A.
Trabalhos seus são estampados com freqüência
em órgãos literários portugueses e franceses,
americanos e brasileiros.
Um de seus poemas, “Gazela Frêmito”
de A
Dançarina e o Horizonte, foi posto em música
por Cláudio Santoro que, com ele, compôs um coral a
capella laureado em várias competições
nacionais e estrangeiras.
Entre os estudiosos que se pronunciaram sobre a obra de Osvaldino
Marques contam-se Helmut Hatzfeld, Elizabeth Bishop, Fernando de
Azevedo, Menotti del Picchia, J. Matoso Câmara Jr., Peregrino
Jr., Afrânio Coutinho, Alcântara Silveira, Othon Moacyr
Garcia, .Antônio Houaiss, Luís César Saraiva
Feijó, Mauro Mota, Leodegário A. de Azevedo Filho,
Sílvio Elia, Rui Mourão, Homero Senna, Stella Leonardos,
Haroldo Bruno, Danilo Lobo.
O.M. aposentou-se como professor titular de Teoria da Literatura
da Universidade de Brasília.
OBRAS
BIBLIOGRAFIA: Poemas Quase Dissolutos. 1946 (pões.); Sinto
que sou uma cidade,. 1947 (poesia); Ciméria. 1951 (teatro);
Um homem na cerração. 1951 (teatro); Cravo bem temperado.
1952 (poesia); O poliedro e a rosa. 1952 (ensaio); Usina do Sonho.
1954 (poesia); Teoria da metáfora & Renascença
da poesia americana. 1956 (ensaio); A seta e o alvo. 1957 (crítica);
O laboratório poético de Cassiano Ricardo. 1962, 2ª
ed.1976 (crítica); Ensaios escolhidos. 1968 (ensaio); A dançarina
e o horizonte. 1977 (poesia); O prisma e o arco-íris. 1986
(poesia); Acoplagem no espaço. 1989 (crítica)
TRADUÇÕES: Contos de Walt Whitman. 1946; Aventuras
de Mark Twain. 1946; Videntes e sonâmbulos - Antologia bilíngüe
da poesia norte-americana - (Compilação, tradução
parcial. e notas de O.M.) 1955; A sombra do desfiladeiro - Drama
em 1 ato de J. M. Synge. 1955; Poemas famosos da língua inglesa
- Antologia bilíngüe da poesia inglesa e norte-americana
- (Compilação, tradução integral e notas
de O. M.) 1956; 2ª ed. 1968; As núpcias do céu
e do inferno, de Willian Blake. 1956; 2ª ed. 1988; Poesia dos
Estados Unidos. 1966; Quatro quartetos, de T.S. Eliot. 1966.
REF.: D.E.; Meneses Dic,q.v.; Cunha, Maranhense,185; Figueira
Pões. Brás. 275; Moraes Maranhense, 241; Enc. Delta,
q.v.
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